O livro “Guia Politicamente Incorreto da
História do Brasil” de Leandro Narloch é uma produção que inicialmente pode
causar espanto no leitor por apresentar posicionamentos muito diferentes do
habitual sobre como se desenvolveram alguns fatos na história do Brasil. É bom
que o leitor entenda um pouco sobre a história para acompanhar sem se perder em
meio às provocações trazidas pelo autor. É um convite desafiador àqueles que em
vários momentos da vida não aceitaram bem as conclusões ou que ao lerem os livros
de história tradicionais ficaram desconfiados sobre os fatos e a forma com a
qual foram tratados.
De alguma forma, mesmo aquele que
não é um grande apreciador da história do país consegue acompanhar o livro seguramente
inclusive porque aquelas velhas concepções sobre índios, portugueses, colônia,
samba, comunismo, entre outros que estão bem solidificados em nossa mente são os
principais alvos das provocações do autor. Entendo o
porquê de ele ter sofrido críticas pesadas, afinal ele trabalha em cima de uma
perspectiva histórica bem diferente, diria até “direitista”.
As dicotomias de opressor e
oprimido, colonizador e colonizado, bastante arraigadas em nossa cultura de
“subdesenvolvidos” e “vítimas do processo histórico ocidental” são questionadas
quanto a sua legitimidade. É como se você fizesse a leitura da história
Chapeuzinho Vermelho e ao invés de encarar a pobre Chapeuzinho como indefesa,
boa e arrasada por ter sua avó engolida por um lobo, se perguntasse: “Como
assim ela estava sozinha numa floresta que ela sabia que era perigosa e ainda
carregando doces? Será que ela era tão frágil assim? O que ela queria com isso?”.
Ou ainda, pegasse outra como João e o Pé de Feijão e ao invés de encará-lo como
enganado por um adulto ao trocar sua vaca por um punhado de feijões, pensasse:
“Ele era tão coitadinho assim? Ele estava tentando vender uma vaca velha e
caquética que nem dava leite mais, qualquer coisa em troca era lucro! Ele
passou a perna!”.
Pode ser que não agrade uma parte
dos leitores afinal desprender-se de conceitos muito enraizados pode ser uma
tarefa difícil, contudo, para aqueles que sempre buscam pensar um novo ponto de
vista sobre os fatos, pode representar algo bastante interessante. Importante
frisar que o autor mostra os fatos e os critica de maneira direta e às vezes
cômica. Duas últimas observações são: o que começa nas páginas brancas piora nas
páginas negras e com certeza será difícil concordar com todos os
posicionamentos, principalmente em relação aos assuntos finais tratados no
livro.
Por: Weverton Bicalho
Amei a resenha Weverton, e achei muito interessante sua comparação com as histórias infantis, afinal, tudo depende do ponto de vista com o qual se encara um fato...Fiquei muito interessada na história....faltou só a nota
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